Dólar opera em alta, com expectativa por PIB dos EUA e de olho nos juros

No dia anterior, a moeda americana fechou em alta de 0,99%, cotada a R$ 5,5564, e o Ibovespa subiu 0,42%, aos 137.344 pontos, renovando seu recorde histórico.

O dólar abriu em alta nesta quinta-feira (29), com investidores na expectativa pela divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos e repercutindo novas falas de um dirigente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Raphael Bostic, diretor do Fed de Atlanta (os Estados Unidos têm unidades regionais do seu BC), disse ontem que a inflação em queda e a taxa de desemprego acima do esperado indicam que pode ser "hora de agir" e cortar as taxas de juros no país, hoje entre 5,25% e 5,50% ao ano.

O dirigente, porém, reforçou que quer ter mais clareza antes de tomar uma decisão que dê início ao ciclo de cortes, o que trouxe mais volatilidade ao mercado, apesar do presidente do Fed, Jerome Powell , afirmar na semana passada que "chegou a hora" de cortar os juros.

No Brasil, investidores seguem repercutindo a indicação de Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária do Banco Central do Brasil (BC), ao comando da instituição.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

ENTENDA: Copom endurece discurso, e deixa a dúvida: a Selic pode subir?
Dólar
Às 9h15, o dólar subia 0,40%, cotado a R$ 5,5788. Veja mais cotações.

No dia anterior, a moeda americana teve alta de 0,99%, cotada em R$ 5,5564.

Com o resultado, acumulou:

alta de 1,41% na semana;
recuo de 1,73% no mês;
alta de 14,51% no ano.

Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.

Na véspera, o Ibovespa fechou em alta de 0,42%, aos 137.344 pontos, renovando seu maior patamar histórico.

Com o resultado de hoje, o Ibovespa acumulou:

alta de 0,86% na semana;
alta de 7,15% no mês;
ganhos de 1,93% no ano.

DINHEIRO OU CARTÃO? Qual a melhor forma de levar dólares em viagens?
DÓLAR: Qual o melhor momento para comprar a moeda?
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

O que está mexendo com os mercados?

Principal destaque da agenda econômica nacional é a indicação do economista Gabriel Galípolo para presidir o Banco Central (BC). Galípolo atualmente faz parte da diretoria do BC.

A indicação foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira.

"O presidente da República me incumbiu de fazer um comunicado aqui de que hoje ele está encaminhando ao Senado Federal o indicado dele para a Presidência do Banco Central, que vem a ser o Gabriel Galípolo, que hoje ocupa a Diretoria de Política Monetária do Banco", declarou Haddad.
Haddad também explicou que, a partir do anúncio, o governo vai "começar a trabalhar para definir os três nomes que irão compor a diretoria até o final do ano".

Escolhido pelo presidente da República, Galípolo ainda precisa receber o aval do Senado Federal antes de assumir o cargo.

A indicação de Galípolo foi bem recebida por agentes do mercado financeiro. Desde sua nomeação para a diretoria, em maio do ano passado, especulava-se que ele poderia ser o futuro indicado de Lula à presidência da instituição.

O mercado, inclusive, desconfiou que a proximidade entre eles pudesse gerar interferência política nas decisões de taxa de juros do país. Mas a atuação e declarações de Galípolo em mais de um ano de BC deram algum conforto de que ele comandaria o BC com um olhar técnico.

Analistas ouvidos pelo g1 reforçam que ele ainda precisará confirmar na prática que o BC continuará independente. Em especial, porque Lula passou os dois primeiros anos de mandato criticando a presidência da instituição.

No cenário internacional, os olhos continuam nos Estados Unidos, que divulgam o PCE, indicador de inflação favorito do Fed para tomar suas decisões sobre as taxas de juros no país, na sexta-feira. Esse indicador mede a variação dos preços considerando apenas uma cesta dos produtos e serviços mais consumidos pela população.

O Fed se reúne em setembro para decidir o futuro das taxas de juros e há uma grande expectativa de que a instituição corte os juros.

Na última sexta-feira (23), o presidente do Fed, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, afirmou que "chegou a hora" de cortar os juros dos Estados Unidos, o que melhora as perspectivas para investimentos de risco no mundo todo.

"Faremos tudo o que pudermos para apoiar um mercado de trabalho forte, ao passo em que progredimos mais em direção à estabilidade de preços", disse Powell, que também garantiu que a instituição "não busca e nem recebeu bem uma desaceleração nas condições do mercado de trabalho".
Os juros americanos estão no maior patamar em mais de 20 anos, entre 5,25% e 5,50% ao ano. E havia expectativa desde o início do ano para o momento em que o Fed fosse iniciar o ciclo de redução das taxas.

Depois de vários adiamentos por conta dos dados mais fortes de inflação e atividade da economia americana, o mercado de trabalho dos EUA começou a mostrar um desaquecimento no início deste mês e os resultados de inflação voltaram a mostrar que os preços estão mais comportados.

Com isso, Powell afirmou na sexta-feira que o atual nível das taxas de juros dá "amplo espaço" para que o Fed responda aos riscos, inclusive os números baixos de emprego. Essa afirmação joga ainda mais luz a uma dúvida que tomou os mercados nas últimas semanas: qual será a magnitude do corte promovido pelo Fed em sua próxima reunião.

Juros menores tendem a impulsionar a atividade econômica por baratear a tomada de crédito para pessoas e empresas. Além disso, a queda das taxas também diminui a rentabilidade dos títulos do Tesouro americano (Treasuries), considerados os mais seguros do mundo, o que beneficia ativos de risco, como mercados de ações e moedas de outros países.